terça-feira, 25 de julho de 2017



Seu Miaggi
Andei dando uma relida nos meus textos pra lembrar as coisas que andei escrevendo sobre esse tema do patriarcado. E uma das imagens que aqui acolá aparece é a presença de uma voz dentro da cabeça que vai orientando a gente a seguir o ditames da cultura machista.
Tem texto que chamo ela de doberman raivoso, tem texto que falo que é só um silêncio analfabeto, ou um grilo falante que fica na “cacunda dos afetos” (essa foi boa né), tagarelando o tempo todo as ordens que vem direto da central. Mas o que reparei e que falo muito pouco ou quase nada é do que pode ser uma voz alternativa a isso. Ou seja, uma voz que consiga nos guiar por outro caminho.
                Confesso que em mim essa voz não é ouvida com facilidade. Muitas vezes ela é só a mudez analfabeta. Outras, é uma voz fininha e distante, voz amedrontada diante de um doberman raivoso. Em alguns momentos consegue ser uma voz mais presente, com alguma possibilidade de ser ouvida e até entendida. E, muito raro (em algum papo desses por aí chamei essas horas de momento samurai), a voz consegue ser suficientemente focada e certeira a ponto do doberman e o grilo se verem em maus lençóis. Mas esse momento ainda é raro. E, sinceramente, não tenho muita segurança que vá deixar de ser assim durante um bom tempo.
O que acho que dá é pra prestar atenção e ir pegando uma manha de sacar essa voz operando. Porque me sinto tão colado nela que frequentemente saio simplesmente fazendo o que ela manda sem nem me tocar. Simplesmente repito.  O que eu acho é que, se der pra pegar essa manha de reconhecê-la, dá pra abrir outras possibilidades diferentes de obedecê-la automaticamente e nem se tocar  disso. Talvez até quem sabe (já dentro do espectro samurai karate Kid de ser)perceber que ela é só uma voz entre outras. Mais uma voz. Mas isso não é fácil de fazer não. Na verdade é bem difícil. Eu acho.

ps: esse papo de voz me lembrou um escrito do Mario Quintana sobre o Mr Wong. Muito bom. È o tal samurai que falei ai no texto provavelmente. http://dharmalog.com/2002/12/02/o-estranho-caso-de-mr-wong-by-quintana/

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