quarta-feira, 26 de julho de 2017

La sanación
Das muitas relações e formas de expressão do patriarcado, uma bastante conhecida é o privilégio da mente sobre o corporalidade, do pensamento abstrato sobre a matéria viva, do cérebro sobre  o corpo todo e por aí vai.
Ontem encontrei uma notícia sobre a red de sanadoras ancestrales indígenas da Guatemala, grupo de mulheres que tem um trabalho muito firmeza. Uma das sanadoras explicava que começaram a se organizar como rede depois que um grupo de mulheres indígenas foi até uma montanha que estava ocupada pelo exército. Foram para cuidar de outras mulheres que estavam lá, impossibilitadas de sair. Ao se encontrarem e realizarem práticas de cuidado e cura com base em suas cosmovisões e naquilo que ensinaram suas avós. Desse encontro surge  um grupo. A notícia correu e outro grupo quis se juntar  e outro e outro. Formaram a rede. São mulheres que, a partir dos conhecimentos de seus povos, realizam um trabalho de sanación no corpo- território das mulheres e de la Madre Tierra, um dos nomes que dão à Terrra.
Corpo-território é um termo que elas usam. E relacionam a violência patriarcal-machista-racista sobre seus corpos com a violência contra a natureza, violência contra o corpo da Terra. Reestabelecem contatos com “la Madre Tierra” para se sanar, sanar a natureza e sanar politicamente a vida comum tão atingida pelo racismo e pelo patriarcado.
Bom, isso tudo pra dizer que acho que muito mais gente pode aprender e se beneficiar das práticas e concepções dessas mulheres indígenas. Que o que elas estão fazendo e expressando indica pistas valiosíssimas de possíveis caminhos para lidar com esse labirinto de horrores de nosssa civilização que cada dia parece mais cheio de becos.  E dentro desse “muita gente”, os homens poderiam prestar bem atenção nisso. Acho que nós também precisamos reestabelecer um vinculo com o próprio corpo, com o corpo-natureza, corpo Mãe-Terra. Com os ritmos, os volumes, os fluxos. Estabelecer vínculos afetivos, políticos, corporais que desmontem, aos poucos, os processos endurecidos do patriarcado nas nossas vidas.  
A rede de sanadoras ancestrais da Guatemala também se autodenominam como praticantes do feminismo comunitário.
Salve as planta.
Entrevista com la red de sanadoras de indígenas.

 https://www.youtube.com/watch?v=TZlsGfoe328


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